Valor da dívida de Operário e Comercial pagaria reforma geral do Morenão

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Federação e UFMS pagaram obras para regularizar Morenão este ano (Foto: Edemir Rodrigues/Governo de MS)

* Pra ler ouvindo “Dívida”, do Ultramen.

Às vésperas de estrear na edição de 2020 do Campeonato Sul-mato-grossense, Operário e Comercial lideram outra competição – e com folga. Na tabela do “nome sujo”, a dupla de Campo Grande soma dívida de R$ 4,1 milhões com a União.

O valor pagaria a reforma geral do Estádio Pedro Pedrossian, o Morenão, orçada em aproximadamente R$ 4 milhões pelo governo do Estado.

A administração estadual promete iniciar a obra após o campeonato deste ano. Os recursos sairão do Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, para onde vão as multas aplicadas pelo Procon-MS.

Galo e Colorado mandam seus jogos em casa no Morenão, mas quem custeou os serviços de readequação para manter o local de portões abertos este ano foram FFMS (Federação de Futebol do Estado) e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). A primeira injetou R$ 120 mil; a segunda, cerca de R$ 300 mil.

Desfalque – Conforme consulta à lista de devedores inscritos em dívida ativa da União, o Operário tem o maior débito entre os clubes sul-mato-grossenses que disputam o torneio de futebol este ano. O time alvinegro deve R$ 3 milhões.

A principal fatia corresponde a débitos tributários – R$ 2,7 milhões. Outros R$ 277,7 mil em dívidas previdenciárias e R$ 5,6 mil em multas trabalhistas compõem o restante do desfalque operariano com a União.

O Comercial totaliza débito de R$ 1,1 milhão, ainda segundo consulta à relação de devedores.

Ao contrário do arquirrival, o maior problema do clube vermelho é com o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), ao qual deixou de repassar R$ 752,1 mil.

A equipe ainda tem R$ 365,5 mil em dívidas previdenciárias; R$ 16,1 mil em multas trabalhistas; e R$ 5,7 mil em débitos tributários.

Uma vez inscrito na dívida ativa, um clube pode ser acionado judicialmente e forçado a regularizar o calote. O processo é capaz de incluir penhora e expropriação de bens.

Resposta – Presidente do Comercial, Valter Mangini defende que o grosso da dívida de R$ 1,1 milhão remete a anos anteriores a 2010.

O mandatário avalia que o valor “não é muito alto para um clube”. Segundo ele, a venda de um jovem jogador revelado no Colorado soluciona o problema.

Mangini ainda disse que “não é o momento de falar em dívida”, pois o time está focado na estreia pelo Estadual, neste sábado (1). O jogo é às 15h, no Morenão, diante do Águia Negra.

O presidente do Operário, Estevão Petrallás, foi contatado, estava ocupado e prometeu retornar, mas não o fez até esta publicação.

O Galo debuta neste domingo (2), também no estádio universitário, a partir das 15h, contra a Pontaporanense.

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Operário e Comercial são únicos da Capital no Estadual 2020 (Foto: Fundesporte)

Interior – Entre os representantes do interior, maioria no campeonato, o débito mais significativo com a União pertence ao Corumbaense, com R$ 47,6 mil – R$ 43,4 mil previdenciário e R$ 4,1 mil tributário.

Atual campeão, o Águia Negra empilha desfalque de R$ 21,3 mil, dos quais R$ 17,4 mil em dívidas tributárias e R$ 3,9 mil previdenciárias.

De volta à Série A, o Maracaju totaliza R$ 4 mil em débitos previdenciários.

Conforme busca na lista de inscritos na dívida ativa, Aquidauanense, Cena, Costa Rica, Pontaporanense e Serc têm situação regular perante a União.

Apostas, improvisos, mudanças e até Palmeiras: a eliminação do Operário

A cortina de fumaça criada pelos resultados e pela liderança obtida ao fim da primeira fase escondeu o desempenho fraco do Operário durante praticamente todos os jogos do Campeonato Estadual.

Quem olhou apenas para a tabela após 11 rodadas esperava um Galo novamente candidato ao título. Aquele que se atentou à performance do time em campo via sinais de uma queda precoce.

A eliminação do Operário nas quartas de final, após derrota e empate com o Aquidauanense, tem muito a ver com outra queda.

Na goleada para o Botafogo-PB, que tirou o Galo da Copa do Brasil ainda na primeira fase, algumas das convicções do técnico Arilson Costa foram escancaradas. A começar pela escalação.

Miracema, o homem de confiança

O atacante Thiago Miracema tinha a plena confiança do treinador até a partida pela competição nacional. Uma cotovelada flagrada pelo árbitro e punida com expulsão ainda no primeiro tempo poderia destruir todo esse crédito.

Não destruiu. Arilson bancou o jogador. Miracema foi poupado do jogo seguinte à eliminação, uma vitória nada convincente sobre o Novo, e voltou ao time titular em cinco dos últimos seis jogos do Galo na primeira fase. O atacante ficou de fora somente na 11ª rodada, contra o ABC.

Thiago Miracema retornou para a equipe titular nos dois jogos das quartas de final. Na volta, quando o Operário precisava vencer para avançar e diante do torcedor que tanto protestou contra sua presença no time, foi outra vez expulso na etapa inicial pelo mesmo motivo que o tirou de campo na partida pela Copa do Brasil.

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Thiago Miracema foi bancado por Arilson Costa durante todo o Estadual (Foto: Álvaro Rezende/Correio do Estado)

Eduardo Arroz, o displicente

Outro que também teve papel importante nas duas quedas do Galo foi o volante Eduardo Arroz. E aqui podemos questionar seu retorno ao Operário, visto que ele foi um dos símbolos de uma outra eliminação, em 2017, nas semifinais do Estadual, para o Corumbaense. A postura “banana” da equipe naquela partida ficou marcada pela torcida.

Arroz teve atuação lamentável diante do Botafogo-PB. Os meio-campistas do Belo contavam com marcação frouxa e espaço de sobra para criar e se movimentar.

O volante seguiu como titular até sofrer uma lesão. Ficou de fora por seis jogos. Voltou a ser relacionado no jogo de volta das quartas de final e entrou no segundo tempo.

O lance que origina o gol do Aquidauanense sai de um erro de Eduardo Arroz. Ele tenta um lançamento, cai e pede falta.

Arroz fazia a lateral-direita nesse momento do jogo. Após o erro, ele não volta para a defesa. Fica reclamando falta com assistente e quarto árbitro. Baiano recebe a bola no espaço que o volante deveria ocupar, chuta e marca.

Arilson Costa, o mau apostador

A intenção aqui não é pintar somente Miracema e Arroz como vilões. Há uma explicação para as atuações limitadas e erros dos dois. A justificativa atende pelo nome de Arilson Costa, que teimou em apostar na dupla.

As principais qualidades de Thiago Miracema são velocidade e vigor físico. Miracema se movimenta bem pelos lados do campo, faz pressão na saída de bola e costuma ganhar do adversário na corrida.

Mas o professor se manteve convicto em escalar Thiago Miracema centralizado no ataque. Talvez porque funcionou na estreia, contra o Corumbaense, quando o atacante faz o pivô na área e assiste Fernandinho para o segundo gol da vitória. Depois disso, não funcionou mais.

Arilson declarou em entrevistas anteriores que se espelha em Felipão, que foi seu treinador no Grêmio e no Palmeiras. A admiração pode ajudar a elucidar a forma como o Operário se comportou durante a primeira fase.

Campeão brasileiro em 2018, Felipão tinha Deyverson para brigar pela bola aérea após aquela esticada que vem do campo defensivo.

Arilson tinha Miracema, alvo de inúmeros lançamentos dos zagueiros e laterais. Mas o atacante do Galo só se assemelha ao do Palmeiras no temperamento e não consegue ter o mesmo aproveitamento nas disputas pelo alto.

Deyverson subia, dava aquela casquinha e os atletas de velocidade do Alviverde aproveitavam para definir rapidamente.

Thiago Miracema subia e não ganhava de quase ninguém pelo alto. Não tinha casquinha. Na ânsia de tentar se impor à força, acabava distribuindo cotoveladas.

Jones, atacante de maior porte físico e com características de área, passou praticamente todo o Estadual no banco de reservas. Ele terminou a competição com os mesmos três gols de Miracema.

Matheus Iacovelli também tem um perfil mais “nove” que Miracema. Chegou no meio do campeonato, jogou uma partida e não apareceu mais.

Agora, Eduardo Arroz. Em um campeonato nivelado por baixo, o veterano compensa sua lentidão e falta de força na marcação com bom posicionamento e excelente passe.

Foi equivocada a escolha por Eduardo Arroz para vestir a camisa 5 e fazer a contenção no duelo com o Botafogo-PB, um time que vinha invicto e que é bastante superior tecnicamente em relação ao Galo.

Poderia funcionar se Arroz tivesse a companhia de um volante mais marcador, mas seu companheiro era Alberto, que também é lento e de pouca pegada.

No segundo tempo da goleada paraibana, Gerson é substituído e Eduardo Arroz vira lateral-esquerdo. Arilson improvisaria o volante novamente nesta posição no jogo da volta com o Aquidauanense. Claro que não deu certo.

Arroz ficou um tempo na lateral-esquerda contra o Azulão. Depois inverteu com Da Silva e foi parar na direita. Foi quando errou um lançamento, caiu, esbravejou, não voltou e Baiano aproveitou o espaço deixado por ele para marcar.

O improviso e o troca-troca

Como vemos, Arilson Costa é adepto do improviso. E aqui ele se opõe ao que pensa seu ídolo Felipão, que evita escalar jogador fora de posição.

Ao longo do Campeonato Estadual, vimos também o meio-campista Fernandinho virar atacante pelo lado direito e o zagueiro Bruno Centeno se tornar volante.

Mas o principal erro de Arilson Costa até aqui foram as frenéticas mudanças na escalação titular. Em 14 jogos no ano, o treinador utilizou 14 formações diferentes.

Somadas as alterações entre uma partida e outra, foram 52 modificações. As forçadas por lesão foram minoria.

Se Arilson tentou colocar em prática um rodízio no elenco, falhou ao sequer encontrar um time.

As alterações em série podem ajudar a explicar também as más atuações. Com pouco tempo para treinar, o ideal seria a repetição dos titulares, para assimilação mais rápida de uma proposta de jogo e criar entrosamento.

Em resumo, o elenco do Operário oferece alternativas. Há bons jogadores e opções com diferentes perfis para distintas ideias. Faltou repertório a Arilson Costa, que preferiu se limitar às ligações diretas e jogadas de bola parada.

Como resultado, o Galo volta a ter apenas o Estadual para disputar em 2020. Se manter na Série D do Brasileiro e na Copa do Brasil do ano que vem era o objetivo mais falado pelo gerente de futebol Rodrigo Grahl em entrevistas.

Resta ainda a Série D deste ano, que começa daqui um mês. E a contar pelo que vimos no Estadual, a participação do Operário na competição promete ser curta.

A resposta do professor

Arilson Costa, técnico do Operário, procurou o blogueiro aqui depois de ler a postagem anterior, na qual faço minha análise da eliminação do Galo na Copa do Brasil.

Não estava feliz, afinal, disse que ele foi um tanto inocente. Mas não foi desrespeitoso ou grosseiro. Apenas pontuou algumas coisas.

Disse que o time não foi a campo com o mesmo comportamento adotado nos jogos do Campeonato Estadual, ainda que os titulares escolhidos tenham sido os mesmos que vêm jogando o Sul-mato-grossense.

Arilson falou que queria surpreender o Botafogo-PB ao utilizar marcação alta, com o atacante Thiago Miracema fazendo pressão na saída de bola. Segundo ele, o Belo não esperava essa atitude e não havia enfrentado equipes que jogam assim pelo Campeonato Paraibano.

Miracema foi expulso e seu plano foi pro saco.

O professor disse ainda que seu time no segundo tempo, com a entrada de Emerson Santos na vaga de Jean Carlo, defendeu melhor que no primeiro.

Alegou que a opção por Pedro Hulk no lugar de Gerson foi tomada não por desespero, mas porque o lateral-esquerdo precisava ser poupado, pois já tinha sido escalado contrariando recomendação médica.

Hulk, aliás, nutre esperanças no treinador. Arilson Costa acredita que ele pode resolver uma partida com sua força física e chute potente.

Questionado sobre a opção por Eduardo Arroz como primeiro volante, o comandante justificou que ele é titular e vinha jogando o Estadual.

Sobre o centroavante Jones, o professor do Operário garante que ele está machucado e não será sequer relacionado para o duelo com o Novo, neste domingo (17). Duas contraturas musculares.

Arilson disse que Jones só foi para o banco contra o Belo para o caso de o momento do jogo pedir alguém com suas características, mas que entraria no sacrifício.

O técnico reiterou que estudou bastante o Botafogo-PB.

Da minha parte, lamentei não ter tido a oportunidade de questioná-lo sobre o que vi da partida. Estava nas cabines de imprensa, por determinação dos responsáveis pela organização da peleja.

Agradeci pela ligação e nos despedimos. Pouco depois, Arilson viu minha foto no avatar do WhatsApp e me reconheceu dos dias de jogos ou treinos. Tirou sarro e foi gentil novamente.

O dedo do professor na eliminação do Operário da Copa do Brasil

O blogueiro aqui não quer pedir a cabeça de Arilson Costa após a eliminação do Operário da Copa do Brasil, sacramentada na quarta-feira (13), no Morenão, após sacolada de 4 a 1 para o Botafogo-PB.

A queda era esperada. O favoritismo era todo dos paraibanos, que só não subiram para a Série B no ano passado por um capricho do destino.

O time do técnico Evaristo Piza – no Botafogo-PB há nove meses – joga a Série C, sonho de consumo do cambaleante futebol sul-mato-grossense, desde 2014. Um ano antes, o Belo foi campeão da Série D, massacrante realidade do futebol sul-mato-grossense.

O Botafogo-PB brigou para subir ainda em 2016, quando chegou às quartas de final. Se acomodou e quase voltou à última divisão nacional em 2017. Mas caiu em si e novamente lutou pelo acesso no ano passado.

Todos os ventos sopravam à favor do clube nordestino, que, quase ia me esquecendo, está invicto nesta temporada.

Isto posto, o Operário reunia condições de desempenhar um papel melhor. Não o fez porque Arilson foi um tanto inocente.

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Arilson Costa, comandante do Galo, durante treinamento (Foto: Anderson Ramos/Divulgação OFC)

O treinador do Galo já havia adiantado que não mudaria a postura de seu time e apostou nos 11 que vinham jogando o capenga Campeonato Estadual.

A dupla de zaga formada por Rodrigo Arroz e André Paulino é pesada e talvez funcionaria se o Botafogo-PB tivesse um camisa 9 de ofício, postado dentro da área.

Mas Nando não é isso. Tanto que era visto na intermediária, puxando a marcação para a infiltração dos ligeiros Dico, Clayton e Marcus Vinicius.

O temperamental volante Eduardo Arroz teve atuação lamentável, mas não exclusivamente por deficiência técnica. Arroz não é exatamente um jogador de marcação forte, tampouco vigoroso.

Seu companheiro de meio-campo, Alberto, também não tem esse perfil. Combinado com a pouca participação do camisa dez Jean Carlo na recomposição defensiva, sobrava espaço para o organizado Botafogo-PB trocar passes e encontrar brechas no ataque.

O primeiro gol do Belo, que nasce de uma roubada de bola no lado direito ofensivo e termina com a finalização de Dico no flanco esquerdo, é prova da frouxidão defensiva do Galo.

A bola circula por toda a intermediária sem nenhum operariano para oferecer resistência. A zaga está rendida quando Dico desce em velocidade e livre de marcação.

Natan, volante com mais pegada e mais pulmão, entrou só depois do terceiro gol botafoguense, na vaga de Jorginho.

A expulsão do atacante Thiago Miracema, ainda na primeira etapa, não pode ser colocada na conta de Arilson. O camisa nove tem 31 anos. Não é nenhum garoto. Nada justifica sua irresponsabilidade no lance da cotovelada em Rogério.

Mas a opção do técnico por Miracema deve ser questionada. A pressão que o jogador faz na saída de bola adversária, um de seus pontos fortes, só faria sentido se o Galo tivesse condição técnica e coletiva de adiantar sua marcação e controlar as ações do jogo. Funciona no Estadual, nivelado por baixo, mas não contra um time nitidamente superior.

No domingo (10), na vitória por 3 a 0 sobre a Serc, o centroavante Jones sugeriu que poderia ser útil para o duelo pela Copa do Brasil.

Diferente de Miracema, o jogador segura melhor a bola no campo ofensivo e ganha disputas pelo alto, duas qualidades que poderiam desequilibrar à favor do clube campo-grandense, dadas as limitadas chances do Operário vencer jogando de pé em pé.

Mesmo sem um banco de reservas de encher os olhos, Arilson mexeu mal.

Jean Carlo saiu para a entrada de Emerson Santos, talvez pensando na velocidade e no bom “um contra um” do reserva. Mas, com um a menos, Santos precisava se desdobrar na marcação e sequer apareceu nas poucas vezes em que o Galo tinha a bola.

A opção por Pedro Hulk no lugar do lateral-esquerdo Gerson só pode ser entendida sob a ótica do desespero. Eduardo Arroz já vinha mal em sua posição e foi deslocado para o espaço antes ocupado pelo ala.

Ainda fora de forma e sem ritmo de jogo, o folclórico Hulk foi presa fácil para os marcadores do Belo.

A participação dos times de Mato Grosso do Sul na Copa do Brasil costuma ser breve. O ranking de federações da CBF mostra que o futebol do Estado só está na frente de Tocantins, Espírito Santo, Rondônia, Amapá e Roraima.

As campanhas de Naviraiense (2013) e de Comercial (1994!) são raríssimas exceções à regra. O futebol pobre rege Mato Grosso do Sul há pelo menos 25 anos. Para se destacar é preciso deixar a arrogância de lado e assumir o papel que nos cabe, com humildade e cautela.

Mato Grosso do Sul leva a melhor quando encontra a Paraíba pela Copa do Brasil

O Operário encara o Botafogo-PB nesta quarta-feira (13), no Morenão, às 20h30min, pela primeira fase da Copa do Brasil.

O torcedor mais supersticioso tem motivos para se agarrar à história na esperança de ver o Galo classificado.

Nas duas únicas vezes em que encontraram clubes da Paraíba pelo maior mata-mata do País, os times de Mato Grosso do Sul levaram a melhor.

Uma folheada no Almanaque do Futebol Sul-mato-grossense, do colega Hélder Rafael, e encontramos o duelo entre Cene e Treze-PB, pela Copa do Brasil de 2006. Curiosamente, o ano também foi o da última participação do Operário no torneio nacional.

Campeão estadual de 2005, o Cene encarou o time paraibano logo na primeira fase. O jogo de ida foi no Morenão, no dia 22 de fevereiro, e terminou com triunfo do hoje desativado Furacão Amarelo por 2 a 1. Hugo e Edenilson marcaram para a representação cenista. Kiko descontou para o Treze.

O resultado forçou o jogo de volta. O regulamento daquele ano previa que o time visitante só eliminaria o segundo confronto caso vencesse por dois ou mais gols de diferença.

No dia 8 de março, o Cene foi até o Estádio Almeidão, em João Pessoa (PB), e voltou a vencer a equipe nordestina, desta vez por 3 a 1. Os sul-mato-grossenses marcaram com Betinho, Dionei e Kim, enquanto Téo fez para o Treze.

Classificado, o Cene encontrou o Fluminense na segunda fase e foi eliminado. O Tricolor Carioca aplicou 5 a 3 sobre o Furacão Amarelo em pleno Morenão, no dia 22 de março. Jorge Henrique, Dionei e Hugo fizeram os gols cenistas. Marcão (duas vezes), Tuta, Romeu e Petkovic anotaram os tentos do Flu.

Passados três anos, o sorteio da primeira fase da Copa do Brasil 2009 colocou o Campinense-PB no caminho do Misto, de Três Lagoas. E o vice-campeão sul-mato-grossense de 2008 eliminou a agremiação de Campina Grande após dois empates.

O primeiro duelo foi realizado no dia 18 de fevereiro, no Madrugadão, e terminou em 1 a 1. Paredes fez o gol do Carcará, enquanto Fábio Santana deixou o seu pelo Campinense-PB.

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Torcedor do Misto faz a festa no Madrugadão pela Copa do Brasil 2009
(Foto: Reprodução/mistoesporteclube.blogspot.com)

O resultado garantiu o jogo de volta no Estádio Amigão, disputado no dia 4 de março. Novo 1 a 1 no placar, com novo gol de Fábio Santana para os paraibanos. Rodrigo Goiano igualou para o Misto. Nos pênaltis, os três-lagoenses despacharam o Campinense-PB por 3 a 2.

O Misto enfrentaria o Corinthians na fase seguinte. O apelo do rival levou o jogo para o Morenão, no dia 15 de abril. Chicão e André Santos garantiram o placar por 2 a 0 para os paulistas, que seriam campeões daquela edição.

A troca, o susto, o choro e a cobrança que deixaram o Comerário mais especial

Fernandinho vestiria a camisa 15 e sentaria no banco de reservas do Operário não fosse pela lesão de Daniel, sentida no aquecimento antes do clássico de domingo (3), com o Comercial.

Mas o santo de Fernandinho é forte. Trocou a 15 pela 11 que vestiria Daniel e, com o novo número nas costas, o paulista de Rio Claro marcou o gol da virada e sofreu o pênalti que culminou no terceiro e último gol do 3 a 1 operariano sobre o maior rival. Mesmo improvisado, foi o melhor jogador da partida.

Fernandinho que havia saído do banco de reservas para ampliar o marcador na estreia, contra o Corumbaense, quando o Carijó ameaçava pressão.

Fernandinho com o qual o Operário já não contava, pois dava como certa sua ida para o futebol boliviano.

Fernandinho precisa ser titular da equipe comandada por Arilson Costa.

Quem não deve ser titular por pelo menos 20 dias é Murilo, do Galo. Não porque perdeu a bola que acabou no fundo das redes de Jota após Hyago roubá-la e passá-la para Renato Maceió marcar.

Pouco depois da falha, o lateral-direito assustou quando caiu no gramado no fim do primeiro tempo.

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Murilo deixou gramado do Morenão de ambulância (Foto: Anderson Ramos/Divulgação OFC)

Murilo desabou no gramado, chacoalhando a perna, após nova dividida com Hyago. Um amigo jornalista chegou a alertar os paramédicos atrás do gol para a possibilidade de convulsão.

As travas da chuteira do jogador comercialino causaram um corte profundo no tornozelo de Murilo, que deixou o campo de ambulância.

O lateral foi atendido dentro do estádio. De curativo na perna, Murilo foi abraçado e consolado pelos companheiros de time ao término do clássico. E chorou.

Enquanto Murilo soluçava, o goleiro colorado Rodolfo esbravejava. Dizia que o Comercial sofreu um gol “infantil”, que um time “juvenil” não levaria.

Rodolfo se referiu ao gol de empate, derivado de uma cobrança de lateral. O goleiro ainda falou que a bola chutada por Jorginho estava em suas mãos, mas o capitão Fernando Prado desviou de cabeça e tirou a pelota de seu alcance.

Cobrou “o máximo de atenção” e avaliou que a equipe comercialina voltou “desligada” para o segundo tempo.

O arqueiro ainda alfinetou o árbitro Augusto Borges Ortega, que marcou pênalti cometido por ele em Fernandinho e convertido por Alberto.

“Tinha um grande árbitro, o Marcos Mateus, que poderia muito bem apitar essa partida”, sugeriu.

De casa ou mesmo do estádio, Marcos Mateus viu e provavelmente gostou do 190º Comerário.

A partida teria todos os elementos de um grande clássico se as arquibancadas do Morenão estivessem um pouco mais cheias. Foram 2,5 mil torcedores, cerca de um quinto da capacidade liberada do estádio.

RESULTADOS DA 5ª RODADA

Aquidauanense 0 x 2 Sete de Dourados
Operário de Dourados 0 x 2 Corumbaense
União/ABC 0 x 1 Serc
Urso 2 x 2 Águia Negra
Costa Rica 2 x 1 Novo

CLASSIFICAÇÃO

  Times P SG GP GC V D E J %
1   Águia Negra 13 13 17 4 4 0 1 5 87%
2   Costa Rica 9 -1 6 7 3 2 0 5 60%
3   Aquidauanense 8 0 5 5 2 1 2 5 53%
4   Comercial 7 0 5 5 2 2 1 5 47%
5   Serc 7 0 5 5 2 2 1 5 47%
6   Corumbaense 6 2 7 5 2 2 0 4 50%
7   Operário 6 1 5 4 2 1 0 3 67%
8   União/ABC 5 0 4 4 1 1 2 4 42%
9   Urso 5 0 4 4 1 1 2 4 42%
10   Sete 3 -3 2 5 1 2 0 3 33%
11   Novo 1 -2 3 5 0 2 1 3 11%
12   Operário-DD 0 -10 4 14 0 4 0 4 0%

Wilson come a bola no Comerário

Wilson dos Santos Januário, 23 anos, alagoano. Comeu a bola no Comerário, mas a fome só bateu no segundo tempo.

O camisa 7 operariano até tentou, ciscou e insistiu na etapa inicial. Nada feito. Parava na forte marcação comercialina. A pressão estava ali logo que a bola chegava em seus pés. O drible curto não saía. O disparo em velocidade empacava.

Jeferson Querino, volante do Comercial já apelidado de Mascherano, foi expulso no fim dos primeiros 45 minutos.

Wilson agradeceu a todos os Santos, inclusive a São Januário. Com um a menos do outro lado, o espaço que lhe faltava agora sobrava.

Minuto inicial do segundo tempo e o lateral-esquerdo Luiz Jorge encontra Wilson nas costas da zaga colorada. O alagoano escora de cabeça e Leandro Diniz completa, de peixinho. A torcida operariana gosta e sabe que, caiu na rede, é peixe.

Aos 11, Wilson inverte a jogada da direita para esquerda ao camisa 11, Igor, que vê a ultrapassagem de Eduardo Arroz e dá o passe. O volante cruza rasteiro e Wilson aparece para terminar o que começou.

Para fechar a conta, Wilson desempaca o disparo em velocidade pelo meio, rasga a zaga comercialina e, com toque de classe, encobre o goleiro Zé Augusto. Finalização perfeita para um lançamento magistral de Igor.

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Golaço de Wilson encobrindo Zé Augusto (Foto: Marcelo Ezoe)

O gol de Rodrigo Ost em um chute preciso de perna direita – que não é a boa – serviu para mostrar que também há brilho do lado colorado.

Mas o Galo tinha Wilson que, fominha, tirou o alvinegro do jejum de nove anos sem vencer o maior rival.

Agora a sina se inverte: é o Comercial quem não triunfa sobre o Operário há um bom tempo – desde 2011.

Do estado onde Zumbi dos Palmares resistiu e lutou para libertar seus iguais da escravidão veio Wilson dos Santos Januário, que, como um mártir, libertou a torcida operariana do longo período sem vitórias no clássico.

Resultados do fim de semana

Sábado (18)
União/ABC 2 x 2 Chapadão – Grupo A
Corumbaense 1 x 1 Naviraiense – Grupo B

Domingo (19)
Urso 1 x 1 Sete de Setembro – Grupo B
Operário 3 x 1 Comercial – Grupo A
Costa Rica 1 x 2 Novo – Grupo A
Águia Negra 2 x 0 Ivinhema – Grupo B

Classificação do Sul-mato-grossense 2017

Grupo A P J V GP SG
1º Operário  9  4  3 10  7
2º Chapadão  6  4  1  7  1
3º União/ABC  5  4  1  7  -3
4º Costa Rica  4  4  1  6  -1
5º Comercial  4  4  1  6  -2
6º Novo  4  4  1  5  -2
Grupo B P J V GP SG
1º Corumbaense  7  3  2  4  2
2º Águia Negra  6  3  2  4  2
3º Urso  4  3  1  3  0
4º Ivinhema  3  3  1  2  -2
5º Naviraiense 2  3  0  3  -1
5º Sete de Dourados  2  3  0  3  -1

“A” de Equilíbrio

Equilíbrio é a palavra que resume as primeiras três rodadas no Grupo A do “Sul-mato-grossensezão” 2017. Fora o Novo, que, pelo futebol mostrado até aqui, flerta com o primeiro rebaixamento de sua história, ninguém é de ninguém.

Comecemos pelo Comercial. Jogou bola e convenceu na estreia com vitória sobre o Novo; falhou muito e perdeu para Chapadão na rodada seguinte; e neste domingo (12) precisou transpirar bastante para fazer um golzinho no União/ABC, pior defesa do campeonato, e empatar o jogo.

O Operário teve início avassalador, goleando o União/ABC na primeira e passando por cima do Novo na segunda. Na hora de engatar a terceira, engasgou no Laertão e perdeu para o Costa Rica. Banho de água fria no ainda líder Galo.

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Lance de Costa Rica 1 x 0 Operário (Foto: Raul Rodrigues/Operário FC)

Chapadão arrancou um empate em Costa Rica e virou pra cima do Comercial. No momento de embalar, tropeçou no Novo – ainda que fora de casa. Resultado? Perdeu boa chance de encerrar a rodada 3 na liderança do grupo.

A equipe do União/ABC talvez seja a que mais surpreendeu até agora. A sacolada sofrida diante do Operário na estreia acordou a garotada do técnico Robert, que protagonizou uma virada épica sobre Costa Rica na segunda rodada e impôs dificuldade para o Comercial na terceira. Se a prioridade é seguir na “A”, está na meta (por enquanto).

Por fim, Costa Rica mostrou força batendo o melhor time da chave depois de empatar em casa com Chapadão e de sofrer aquela derrota bizarra para o União/ABC. Saiu da lanterna para embolar a tabela de classificação.

A próxima rodada promete definir melhor quem briga pelo que na Chave A.

Operário e Comercial se enfrentam em clássico e é aquela história: jogo bom para instaurar crise ou acalmar os ânimos da exigente torcida comercialina. Bom também para acender o sinal amarelo no Galo ou derrubar um tabu de nove anos sem vencer o rival.

O União/ABC tentará entrar no G-4, mas precisa derrubar a invencibilidade do vice-líder Chapadão. O Novo tentará sair da lanterna, mas precisa vencer seu primeiro jogo fora de Campo Grande, contra o Costa Rica.

Segue o equilíbrio ou a balança pende para algum lado? Aposto na primeira opção, mas devagar com o andor.

PS: No sábado (11), o Sete de Dourados foi eliminado na fase preliminar da Copa Verde depois de sofrer um 3 a 0 do Ceilândia-DF, no jogo de volta, no Distrito Federal. Onde teria chances de ir mais longe, não foi. Vai entender…

Resultados do fim de semana

Sábado (11)
Novo 1 x 1 Chapadão – Grupo A

Domingo (12)
Comercial 1 x 1 União/ABC – Grupo A
Costa Rica 1 x 0 Operário – Grupo A
Corumbaense 1 x 0 Águia Negra – Grupo B
Urso 0 x 1 Ivinhema – Grupo B

Classificação do Sul-mato-grossense 2017

Grupo A P J V GP SG
1º Operário  6  3  2 7  5
2º Chapadão  5  3  1  5  1
3º Comercial  4  3  1  5  0
3º Costa Rica  4  3  1  5  0
5º União/ABC  4  3  1  5  -3
6º Novo  1  3  0  3  -3

 

Grupo B P J V GP SG
1º Corumbaense  6  2  2  3  2
2º Ivinhema  3  2  1  2  0
3º Naviraiense  1  1  0  1  0
3º Sete de Dourados  1  1  0  1  0
5º Águia Negra 0  1  0  0  -1
5º Urso  0  1  0  0  -1

Sopa de cautela

Comercial e Operário voltam à campo neste fim de semana pela segunda rodada do “Sul-mato-grossensezão”. Não voltam sozinhos. Depois da boa estreia das duas principais equipes de Campo Grande, seus torcedores automedicaram-se com boas doses de “Empolgol”. O efeito colateral do xarope também vai ao gramado.

empolgolO Colorado visita a Serc neste sábado (4), às 16h, no Morenão. Isso mesmo. O time de Chapadão do Sul será mandante do duelo em Campo Grande porque ainda não conseguiu a liberação de seu estádio. Melhor para o Comercial, que agora só pega a estrada pela primeira fase do Estadual para fechar o returno diante do Costa Rica, dia 26 de março.

Noves fora a confusão, o time do técnico Márcio Bittencourt fez corar o mais pessimista dos comercialinos no debute contra o Novo. Não pelo placar, um corriqueiro 2 a 1, mas pela atuação, em especial no primeiro tempo.

O trio ofensivo – Danielzinho, Rodrigo Ost e Roger – mostrou um entrosamento precoce, com velocidade pelos lados do campo e boas tabelas. Glauber tomou conta da articulação e o lateral-direito Cafu provou que o passar dos anos o deixou mais sóbrio quando ataca.

Mas calma lá. O Novo não soube fazer frente ao ímpeto vermelho. O agora alviverde nada mais foi do que um amontoado de jogadores correndo atrás da bola. A saída repentina do técnico Mauro Marino desestabilizou o grupo. O banco de reservas no domingo passado era uma micareta de opiniões e o interino Gilberto dos Santos parecia se perguntar onde foi que amarrara seu jegue.

Mesmo superior, o Comercial cansou no segundo tempo e, não fosse a inércia do Novo e a incompetência dos que finalizaram nas poucas chances que o time teve, o retorno colorado ao Morenão seria menos glorioso. O sistema defensivo comercialino teve atuação insegura, com falhas de posicionamento e bolas nas costas dos laterais. É aí que o perigo faz morada.

Tomar quatro vezes ao dia

As doses de Empolgol foram ainda maiores entre a torcida do Operário, que encontra o Novo neste domingo (5), às 16h, no Morenão. Também pudera. Os comandados de Celso Rodrigues golearam por 4 a 0 os pupilos de Robert, técnico do União/ABC. Houve alvinegro projetando a final do campeonato depois dos golaços de Wilson e Rodrigo Grahl.

Exagero puro. A contar pelo que apresentou contra o Galo, o União/ABC entra forte na briga para voltar à Série B Estadual. O plantel do inexperiente Robert é jovem demais, limitado tecnicamente e com opções escassas.

O Operário, claro, teve muitos méritos. Grahl jogou os 90 minutos e liderou a equipe na cancha. Eduardo Arroz distribuiu bem o jogo e deu até passe para gol. Agnaldo apareceu bem na meia-direita e anotou dois gols com muita frieza. Igor Vilela movimentou-se por todo o campo e, com uma pitada a mais de objetividade, deve deslanchar.

Apesar do placar elástico, o Galo também demonstrou seus defeitos. A saída de bola da defesa para o ataque nem sempre fluía com naturalidade. E tome ligação direta e lançamentos saindo dos pés dos zagueiros. O bom meio-campo, com Eduardo Arroz, Agnaldo e Leandro Diniz, precisa de mais tempo para encaixar.

Bazílio Amaral chega para assumir o Novo e a equipe pode (e deve) mostrar um pouco mais de confiança e organização em campo. Apesar da estreia desanimadora, o grupo é capaz de dar mais trabalho. E a caminhada (re)começa justamente contra o Operário.

Contra os efeitos colaterais do Empolgol, nada melhor que uma sopa de cautela. É bom que Colorado e Galo se previnam para evitar medicamentos mais agressivos num futuro próximo.

Por que perder seu tempo com o Estadual de futebol

Se você se encaixa no perfil comum do morador de Mato Grosso do Sul simpatizante do futebol, provavelmente está agonizando com a proximidade da edição 2017 do Campeonato Estadual, que começa neste domingo (29), com Comercial x Novo, às 16h, no Morenão. Você deve estar pesquisando bares e restaurantes que transmitem os jogos do seu time no Paulista, Carioca, Gaúcho, Mineiro, ou mesmo estudando a possibilidade de assinar o Premiere FC (se já não assinou), a fim de não ser torturado com as partidas de nível técnico duvidoso do torneio local, que serão televisionadas aos domingos e quartas-feira.

Entendo sua angústia, mas, enquanto você não se apaixona por algum clube sul-mato-grossense que o faça ir ao estádio e acompanhar de perto nosso certame, te ofereço CINCO motivos para se deixar envolver pela principal disputa futebolística do Estado. Isso mesmo, tipo lista do Buzzfeed.

1 – A volta do Morenão

Impedido de receber jogos desde setembro de 2014 por recomendação do Ministério Público Estadual (MPE), o Estádio Pedro Pedrossian, ou simplesmente Morenão, volta a ser palco do Sul-mato-grossense de futebol. A princípio, sediará os jogos de Comercial e Operário como mandantes. Para adequar o local às exigências do Estatuto do Torcedor, foram feitos reparos orçados em R$ 150 mil, com recursos do governo estadual. Situado a poucos minutos do Centro, a praça esportiva é de mais fácil acesso que o Jacques da Luz, nas Moreninhas, onde os times da Capital vinham mandando suas partidas. Além da localização, pesa em favor do Morenão o fator história: casa de Colorado e Galo durante seus melhores períodos no cenário nacional; recebeu a Seleção Brasileira; e,mais recentemente, em 2013, presenciou um Portuguesa 4 x 0 Corinthians e viu o Palmeiras levantar a taça de campeão da Série B após golear o Ceará por 4 a 1.

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Arquibancadas foram pintadas e setorizadas (Foto: FFMS)

2 – Os “estrangeiros”

Das doze equipes que brigarão pelo título este ano, seis apostam em treinadores que nunca trabalharam em Mato Grosso do Sul. É o caso de Comercial (com o paulista Márcio Bittencourt); Costa Rica (com o carioca Márcio Máximo); Naviraiense (com o capixaba Rony Aguilar); Operário (com o gaúcho Celso Rodrigues); Sete de Dourados (com o carioca Emanoel Sacramento); e União/ABC (com o baiano Robert). Alguns têm trabalhos destacáveis no currículo, caso de Bittencourt, que comandou o Corinthians campeão brasileiro em 2005 por boa parte do campeonato, e de Rodrigues, que dirigiu a Chapecoense em 2014 e ajudou a tirar a equipe da zona de rebaixamento à Série B nacional daquele ano. Outros, como Robert (aquele mesmo, careca), que nunca treinou time algum, precisam se provar. Vale a pena ver de perto, pelo sucesso ou pelo tombo.

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Márcio Bittencourt durante apresentação do Comercial (Foto: Nelson Corrales/Reprodução/Facebook)

3 – Fator surpresa

Quem não gosta de uma boa surpresinha? Pois nosso Campeonato Estadual costuma proporcionar resultados surpreendentes. Prova disso é que tivemos SEIS campeões diferentes nas últimas dez edições (Águia Negra, Ivinhema, Naviraiense, Comercial, Cene e Sete de Dourados). No Paulista, os dez últimos troféus foram erguidos por quatro times. No Carioca também. Em Minas foram três campeões em dez anos. No Rio Grande do Sul, dois. Quer mais surpresa? Mato Grosso do Sul fez campeões inéditos por quatro anos consecutivos (Coxim-2006, Águia Negra-2007, Ivinhema-2008 e Naviraiense-2009). O último vencedor, Sete de Dourados, também nunca havia ganho o Estadual.

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Sete de Dourados faturou título inédito no ano passado (Foto: Franz Mendes)

4 – Os medalhões

Já que o nível técnico do grosso de nossos jogadores não ajuda, ao menos temos a chance de ver veteranos que já brilharam em algum momento de suas carreiras agora nos gramados de Mato Grosso do Sul. O Operário terá, pelo segundo ano seguido, Rodrigo Gral, às vésperas de completar 40 anos. O atacante revelado pelo Grêmio tem passagens pela base da Seleção Brasileira e é ídolo da Chapecoense, pela qual fez parte das campanhas de acesso às Séries B e A do Brasileirão. Já o Sete de Dourados anunciou o uruguaio Acosta, de 40 anos, caso avance a segunda fase do campeonato – antes, ele disputa a Série A3 do Paulista pelo Taboão da Serra. Também atacante, o atleta se destacou pelo Náutico em 2007 e foi para o Corinthians no ano seguinte para disputar a Segundona com o time paulista.

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Rodrigo Gral em ação pelo Operário (Foto: Gazeta MS)

5 – Boas risadas

Jogadores medíocres, em gramados irregulares, diante de públicos ínfimos. Combinação perfeita para jogadas mal ensaiadas, furadas esdrúxulas, chutes de média distância que mais parecem tiros de meta, erros de passe triviais, goleiros engolindo frangos homéricos, caneladas, espanadas e muito, mas muito bico e chutão para o alto. Tudo isso rodada sim, rodada também. Se você não torce para nenhum time local (pois, se torce, os lances acima protagonizados por atletas do seu clube de coração te causariam profunda irritação), procure não levar a sério e divirta-se com as jogadas hilárias que só um campeonato de baixíssimo nível técnico como o Sul-mato-grossense pode proporcionar.

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Sempre sorridente Neneca, da comissão técnica do Operário (Foto: Reprodução/Facebook)

*Atualizada às 15h de 27/01 devido a mudanças (mais?) na tabela do campeonato.